Neste domingo, 4 de setembro, a Igreja Católica acolherá com alegria a beatificação de mais um de seus papas. A quem acompanha a Igreja, já é sabido que as beatificações são momentos de muita alegria, pois dali, se tudo for conforme a vontade de Deus, após algum tempo, ocorrerá a canonização, permitindo à toda a Igreja que reconheça a santidade de uma pessoa.
O Papa João Paulo I pastoreou num curtíssimo período, para ser mais preciso, de 26 de agosto a 28 de setembro de 1978, apenas 33 dias. Seu pontificado foi interrompido por um ataque cardíaco na noite de 28 de setembro, segundo o que atestam os médicos, por volta das 23 horas. Ao encontrá-lo sobre seu leito no dia seguinte a luz ainda estava acesa, como se estivesse ainda imerso na leitura, segundo contam Andrea Tornielli e Alessandro Zangrando no livro João Paulo I: o papa do sorriso, de 2000.
O título Papa do Sorriso ou Papa Sorriso não foi muito difícil de se formar, dada a expressão marcante de sua personalidade, desde muito tempo. Há alguns anos antes havia se fixado também a São João XXIII o título de Papa Bom. Até se faz necessário dizer que o Papa João Paulo I foi o primeiro a usar um “nome-duplo”, em homenagem e seguimento a seus dois antecessores, São João XXIII, que pastoreou a Igreja entre 1958 e 1963 e São Paulo VI, de 1963 até 1978.
Algo notável a se dizer é que o Cardeal Albino Luciani teve uma relação muito bonita com a nossa diocese de Santo André, dado que ele passou aqui em 1975 quando de uma viagem ao Brasil. Infelizmente os relatos são muito singelos, mas há alguns registros de sua presença em Rio Grande da Serra. Há alguns dias, em suas redes sociais, a ex-prefeita Irinéia José Midolli escreveu: “feliz um município que recebe um papa” compartilhando a foto, muito viva, da presença do cardeal.
Na fotografia é possível notar um grande número das irmãs franciscanas de Cristo Rei (presentes na cidade desde 1973), cuja congregação nasceu em Veneza, local onde o cardeal era patriarca, também a prefeita Irinéia, alguns padres e leigos, dentre eles o também muito querido Pe. José Pisoni (que morou na cidade entre 1973 e 1987). Dizem que o Cardeal passara também em Santo André e São Paulo, mas não foram encontrados registros sobre isso.
Dali, de forma bastante registrada, o Cardeal seguiu para o Rio Grande do Sul, onde encontrou uma grande comunidade do Vêneto em Santa Maria, com o amigo arcebispo de Fortaleza, Dom Aloísio Lorscheider, OFM, que fora bispo em Santo Angelo-RS. Na ocasião a comunidade ficou emocionada pois o Cardeal tratava com eles no dialeto da região do Vêneto.
O Papa Luciani ficou conhecido como uma pessoa muito simples, de origem humilde, sem pretensões eclesiásticas mas que foi sendo muito dócil ao que o Espirito lhe pedia em cada fase da vida. Deus seja louvado por mais um exemplo de vida que se divulga a nós, especialmente um que tenha tocado e sentido nossa realidade da Diocese de Santo André. E que diante das maiores dificuldades e contendas o sorriso seja nossa principal oferta, nossa herança e nossa marca.
Pe. Hamilton Gomes do Nascimento
Reitor da Casa de Formação Filosófica do Seminário Diocesano de Santo André
Pároco da Paróquia Cristo Rei de Diadema